O termo ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança, já é conhecido no ambiente corporativo, mas poucos sabem o que é na prática e qual é o papel do RH para implantar essas ações nas empresas.
Muitas vezes, o termo ESG é ligado principalmente com as questões ambientais e práticas sustentáveis nas organizações. E, de fato, este aspecto representa um elemento muito importante.
Mas, também abrange questões sociais, como diversidade e inclusão, assim como os aspectos de governança, como ética nos negócios.
Dessa forma, o conceito de ESG está diretamente ligado ao RH. Isso porque as práticas sustentáveis de um negócio não se referem apenas ao meio ambiente, mas também ao âmbito social e de governança.
Mesmo sendo um tema de grande importância, os brasileiros ainda têm dificuldade de compreender o significado dessa sigla.
Segundo estudo realizado em abril de 2022 pelo Google em parceria com a plataforma de pesquisa Mind Miners e o Sistema B, 47% dos 3.000 entrevistados de todas as regiões e classes sociais do país não têm referência de marcas que tratam do assunto. Além disso, apenas um em cada cinco brasileiros declararam já ter ouvido falar no tema.
Mesmo assim, de cada cinco pessoas, quatro consideram importante a atuação de empresas e marcas em ações relacionadas ao meio ambiente, às questões sociais e de boa gestão.
Um dos principais insights da pesquisa é que existe bastante terreno para que empresas desenvolvam as práticas de ESG para ganhar cada vez mais reputação positiva diante de seus consumidores e Clientes.
Mais do que isso, é importante que essas ações sejam divulgadas para além do mundo corporativo, já que toda a sociedade é beneficiada quando empresas investem no tema.
Mas, é importante definir o que é o ESG e como funciona na prática dentro das empresas, para entendermos o papel do RH nesse sentido. Continue a leitura para saber mais.
O que é ESG?
A motivação para a criação das práticas de ESG surgiu com a grande preocupação de que as empresas de todos os setores – no Brasil e no mundo – incorporem medidas para que a nossa e as próximas gerações vivam em um mundo mais igualitário.
O termo foi criado em 2004 pelo secretário-geral da ONU Kofi Annan como uma provocação a grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
A partir de então, foi criada no mesmo ano uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins, que significa “quem se importa, sai ganhando”, em tradução livre.
Cada uma das letras do ESG abrange três importantes questões que impactam toda a sociedade:
· E (Environmental ou Ambiental): ações de economia de energia, destinação correta de resíduos, emissão de carbono e todos os impactos ambientais que a atuação da empresa pode causar;
· S (Social): ações de responsabilidade social envolvendo colaboradores, direitos humanos e trabalhistas, investidores, fornecedores, Clientes e a comunidade em que a empresa está inserida;
· G (Governance ou Governança): ações para a correta gestão financeira e administrativa da empresa, incluindo relação com órgãos governamentais, medidas anticorrupção e compliance.
Hoje, os critérios do ESG estão totalmente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, criados em 2015 e que fazem parte de uma agenda global, também chamada de Agenda 2030, para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, e garantir paz e prosperidade para todas as pessoas.
Com isso, o resultado esperado é que práticas não sustentáveis sejam gradativamente eliminadas e substituídas por ações que minimizem ou não gerem impactos negativos no meio ambiente, assim como a promoção de uma sociedade mais igualitária.
Por que o ESG é importante para as empresas?
Desde então, as ações voltadas para o ESG dentro das empresas começaram a ser utilizadas como critério de avaliação financeira.
Segundo o Global Institutional Investor Survey, estudo feito pela Ernst & Young em 2021com 324 líderes sêniores de investimentos em todo o mundo, 90% dos entrevistados dão mais importância ao desempenho ESG quando se trata de suas estratégias de investimento e tomadas de decisões.
Dessa forma, mais do que ampliar a competitividade do setor empresarial, as empresas passam a ter um papel ativo nas mudanças climáticas e sociais.
Além disso, as empresas têm um ganho de credibilidade construindo relações de benefício mútuo com as comunidades e atraem talentos que reconhecem a importância dos aspectos ESG.
Também, ao reduzir o consumo de energia e água, por exemplo, maior é a redução de custos operacionais.
O papel do RH nas práticas de ESG nas empresas
Agora que já compreendemos a importância dessas práticas, vamos mostrar o papel fundamental da área de RH.
O ideal é que todos os setores de uma companhia estejam engajados com a aplicação das práticas ESG, como o jurídico e o marketing.
Mas, o RH é o principal responsável em disseminar as boas práticas da empresa, incorporando e propagando a cultura organizacional tanto para os colaboradores como para a sociedade.
Por isso, boa parte das práticas incluídas no “S” de Social podem ser desenvolvidas e incentivadas pela equipe de Recursos Humanos, a partir de iniciativas como:
· Desenvolvimento da cultura corporativa;
· Treinamento e engajamento;
· Solução de desafios entre os colaboradores e líderes;
· Acompanhamento;
· Promoção da diversidade.
Segundo o documento “Liderança para a Década da Ação”, elaborado pelo Pacto Global da ONU e Russell Reynolds Associates, é preciso que a sustentabilidade – não no sentido apenas das questões ambientais, mas de ações positivas para a sociedade no geral – permeie as atividades da organização para a viabilidade do negócio e seu sucesso no futuro.
Para isso, é fundamental a criação de uma cultura corporativa baseada no comprometimento da alta liderança nesse processo. Para esse objetivo, a publicação sugere os seguintes quesitos:
Seleção de executivos: assegurar que os principais executivos se comprometam com as ações sustentáveis da empresa.
Sucessão: garantir que o planejamento sucessório da organização contemple o tema da liderança sustentável.
Incentivos: Adotar iniciativas e remunerações que recompensem a integração da sustentabilidade à estrutura do negócio.
Desenvolvimento: fomentar a mentalidade voltada à sustentabilidade nas características das lideranças.
Em outras palavras, o estudo sugere que as questões do ESG sejam consideradas ao entrevistar um candidato ou ao desenvolver seu potencial dentro da empresa rumo à liderança, mapeando os perfis, os sucessores e o treinamento destes.
E o profissional de RH é o responsável por essas etapas, o que mostra o potencial e a importância da área em implantar as ações ambientais, sociais e de governança na cultura da empresa, formando futuros líderes para um mundo melhor.